Fonte:http://www.brasil247.com/pt/
|
Estudo mostra que até mesmo um iniciante em meditação pode mudar sua estrutura cerebral em poucas semanas e beneficiar-se dessas alterações. |
A técnica da atenção plena
Publicado em janeiro
de 2011 na revista Psychiatry Research: Neuroimaging, o trabalho analisou 16
pessoas, com idade entre 25 e 55 anos, que participavam do Mindfulness-Based
Stress Reduction (MBSR), o programa de treinamento desenvolvido há mais de 30 anos
por Jon Kabat-Zinn, professor de Medicina e diretor fundador da Clínica de
Redução do Estresse e do Centro de Atenção Plena em Medicina da Universidade de
Massachusetts.
Em
oito encontros semanais, os participantes do programa aprendem exercícios de
meditação destinados a desenvolver as habilidades da atenção plena – a
consciência ampla e tolerante dos pensamentos, dos sentimentos, das sensações
corporais e do ambiente ao redor. Cabe a eles praticar esses exercícios no
intervalo entre os encontros. Ao longo dos anos, o programa tem formado pessoas
que alegam sentir menos estresse e mais emoções positivas. Quem tem dores
crônicas afirma que elas são amenizadas após o curso.
A equipe do estudo
examinou o cérebro de cada participante do MBSR duas semanas antes e logo
depois do programa de oito semanas, comparando-o com um grupo de controle que
não havia recebido o treinamento. Os que foram treinados – nenhum dos quais
tinha experiência prévia na área – contaram que haviam dedicado pouco menos de
meia hora por dia a essa meditação doméstica.
Nos
exames realizados no fim do programa, o cérebro dos não treinados não
apresentou alterações. Já no dos praticantes, a massa cinzenta mostrou-se bem
mais espessa do que era antes, em várias regiões. Uma delas é o hipocampo,
cujas atividades têm relação com a aprendizagem, a memória e a regulação das
emoções. Estudos anteriores já haviam mostrado que muitas pacientes de
depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) apresentam pouca massa
cinzenta no hipocampo. Outras diferenças substanciais foram notadas no cerebelo
(região relacionada à regulação das emoções), na junção têmporo-parietal e no
córtex cingulado posterior do cérebro dos meditadores (áreas ligadas à empatia
e à assunção da perspectiva de outra pessoa).
Regula as emoções, controla o estresse
Para a principal
autora da pesquisa, Britta Hölzel – pesquisadora do Massachusetts General
Hospital e da Universidade de Geissen, na Alemanha -, essas alterações podem
indicar que a meditação aprimora a capacidade de regular as emoções, controlar
os níveis de estresse e sentir empatia por outras pessoas. “Acho que o que é
realmente positivo e promissor sobre esse estudo é que ele sugere que nosso
bem-estar está em nossas mãos”, afirma ela. Britta também comentou a evidência,
reforçada por seu trabalho, da “plasticidade” do cérebro, pela qual ele pode
mudar de forma com o tempo: “O que eu considero fascinante é que apenas prestar
atenção de um modo diferente e estar mais consciente podem ter um impacto capaz
de mudar a estrutura da nossa mente.”
Mas
é sempre bom salientar que a meditação não é o único recurso capaz de alterar o
cérebro. Uma semana antes da divulgação do estudo de Britta, uma pesquisa
publicada na revista The Proceedings of National Academy of Sciences mostrou
que o hipocampo de pessoas com 60 anos aumentou em volume depois de andarem
três vezes por semana, durante um ano, em uma pista comum. Em pessoas que, no
mesmo período, fizeram menos exercícios aeróbicos, o volume do hipocampo chegou
a diminuir.
MEDITAÇÃO E PLASTICIDADE CEREBRAL
Pesquisa: Juliana Rejane da
CruzFonte:
http://polocultural.wordpress.com/2010/04/08/meditacao-e-plasticidade-cerebral/
Seja colocando a mente
em branco (ou tentando colocá-la) em silêncio, com um mantra ou com qualquer
técnica entre tantas oferecidas pelas diversas linhas de meditação, os que já
tentamos fazer isso sabemos que não é nada fácil. Porém, já se foi o tempo em
que a meditação não passava de uma técnica de relaxamento. Hoje em dia, as
técnicas que permitem visualizar imagens do cérebro em ação mostram as sinapses
que ocorrem durante a meditação e como elas podem afetar o funcionamento
cerebral como um todo.
Ativação cerebral jamais vista
Em uma reportagem de
2005, no jornal The Washington Post, o neurocientista Richard Davidson afirmou
que “o que descobrimos é que os praticantes de longa data apresentaram uma
ativação cerebral em uma escala jamais vista anteriormente. A prática mental
que eles desenvolvem produz um efeito no cérebro da mesma forma que uma prática
do golfe ou tênis melhora o desempenho do esportista”.
Portanto,
como ele afirmou, fica demonstrado que é possível treinar o cérebro e
modificá-lo fisicamente através da meditação, muito mais do que as pessoas
imaginam.
Alguns
dos benefícios da meditação, bastante divulgados por David Lynch, entre tantos
outros, é o aumento do desempenho acadêmico e do autoconhecimento, mais
tranquilidade e redução de ansiedades, diminuição de quadros depressivos e
melhor comportamento de adolescentes, entre outros.
Esses
são alguns dos resultados apresentados pelas pesquisas realizadas por diversas
universidades nos Estados Unidos junto a David Lynch Foundation.
Vale
mencionar que não estamos falando de prática religiosa de nenhum tipo nem de
nenhum “segredo”.
Monges têm maior controle
Estamos recopilando
alguns estudos científicos encontrados na internet que se referem ao “default
mode network”, uma espécie de funcionamento de fundo do cérebro enquanto ele
não está realizando uma atividade específica como escrever ou calcular. Estudos
realizados pela Emory University, por exemplo, mostraram que as pessoas sem
prática de meditação, ao tentar se concentrar, essa área relativamente amorfa
ou de funcionamento não-focado entrava em funcionamento com maior frequência
enquanto estavam despertas. Por sua vez, os monges com maior prática de
meditação tinham maior controle desse funcionamento de fundo, principalmente
porque podiam focar-se mais facilmente na atividade que lhes era solicitada,
sem se perder em divagações. Isso indicaria que a meditação pode ser útil para
resolver problemas não só de stress, DDA, desordem obsessivo-compulsiva, mas
também de depressão. Tudo está, na verdade, na capacidade de nos conectarmos
mais diretamente com a realidade, estarmos mais conscientes do que nos rodeia,
mais alertas e sensíveis às experiências da nossa vida, pois cada uma delas,
desde palavras que escutamos ao passar até o que aprendemos na escola ou em
casa, afeta nossos cérebros de forma profunda.
A
questão central passa pela relação entre o cérebro e a mente, que muitas vezes
são identificados como um só, mas que na verdade não são. O que os cientistas
dizem, porém, é que um melhor funcionamento do cérebro produz diretamente um
melhor funcionamento da mente.
O cérebro não é uma pedra. É um rio
A apresentação do Dr.
Fred Travis, por exemplo, afirma que o cérebro não é uma pedra, mas sim um rio,
e muda tanto ao ponto de que 70% das sinapses mudam todos os dias. Por isso,
ele (e muitos outros cientistas) fala da plasticidade do cérebro, da capacidade
de mudar o que por séculos foi considerado imutável.
Assim,
o que os cientistas mostram é que a meditação permite exercitar o cérebro, como
um esportista exercita o resto do corpo, e os benefícios dessa prática podem
ser vistos no dia-a-dia, na nossa capacidade de experimentar o mundo e de
crescermos nele, desenvolvendo ao máximo nossas potencialidades.